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Não-piadas com designers

  Em comemoração ao Dia Nacional do Design, vou postar um texto muito bacana publicado pelo Rogério Fratin no blog Designice  

Ilustração de Nelson Balaban
  Não-piadas com designers

  O tempo passa e cada vez mais surgem piadas “do mundo dos designers”. Inclusive até como se nós fizéssemos parte desse outro “mundo”. E o mais curioso, são os próprios designers que fazem essas piadas e repassam, via todas as redes sociais, email, papo de boteco, tudo. E sempre rodam em torno dos mesmos assuntos: baixos salários, comportamento geek (como se ser designer fosse algo geek), trabalhar pelas madrugadas a troco de nada, parentes que não sabem o que ele faz e um certo autismo, já que os próprios designers se vêem como pessoas de um mundo próprio. Aí entra outra questão importantíssima: E os profissionais de marketing, jornalismo, fotografia e todos os outros que também lêem todas essas “piadas”, como ficam? Será que todos entendem a ironia? Duvido. E cada vez que aparece um “ganhar pouco mas se divertir” aumentam mais as chances deles pensarem que com qualquer trocado o designer trabalha. Aí oferecem uma merreca anti-ética por um trabalho e o designer, como tá acostumado a aceitar e se orgulhar disso, topa fazer. E fala de novo. E outros ouvem ou lêem. E tudo se repete pra sempre.

  Tem um mês que vi um panfleto que entrou na lista de impressos mais infelizes que já vi, e era de uma das maiores construtoras do Brasil, oferecendo apartamentos a partir de R$ 600.000. É, R$ 600.000 por um ap e não querem gastar R$ 2.000 ou R$ 3.000 pra um freela decente fazer. E aí depois vem gente defendendo a regulamentação da profissão, o ensino do design, cursos e afins, como se isso resolvesse. Até podemos ter problemas macro, mas antes precisamos resolver os problemas micro, de cada profissional.

  Defender e propagar esse tipo de coisa é até contra um procedimento de pesquisa de design, que deveríamos saber de cor. Quando começamos um projeto, não temos que pegar referências, ver quais são os melhores benchmarks? Então… Quem reclama dessas coisas, tem quais “designers como benchmarks”? Sério… Dos que eu tenho, nenhum é desse jeito. Paula Scher, Ellen Lupton, Roger Black, Ian White, John Maeda, Sagmeister, Claudio Rocha, Alexandre Wollner, Claudio Ferlauto, Marcos Mello, Alceu Nunes, Gustavo Piqueira, Hugo Kovadloff. Pergunto de novo: algum deles é esse estereótipo “lunático-geek-autista”? Também respondo: Não.

  E se invés dessas bobagens todas, nós designers que pretendemos dar valor à profissão, mostrássemos quão importante podemos ser num projeto? Que tal mostrar como temos visão apurada e holística, interdisciplinar e requerida nos redesenhos disso ou daquilo? Talvez inclusive podemos provar. É só ler jornais ou revistas. O que não faltam são pesquisas que demonstram o design como profissão da próxima década e os motivos disso. E o design estratégico (design thinking), ninguém vai falar nada a respeito?

  Então aí vou eu, listar não-piadas de designers. Espero que não sejam engraçadas. Ser designer é:

1. Valorizar tanto o novo como o antigo e saber pegar o que tem de mais legal em cada na hora certa e pra cada aplicação
2. Dar soluções para problemas ambientais com projetos de sustentabilidade
3. Melhorar a ergonomia e quebrar paradigmas que podem ajudar as pessoas a terem menos contusões no trabalho
4. Transformar um supertexto em um “supertexto que dê supervontade de ler”
5. Dar valor aos produtos, sejam eles quais forem, com bom gosto e visual impecável
6. Poder fazer projetos pessoais e sociais que envolvem comunicação e educação
7. Estar um passo a frente por trabalhar com diversas áreas interligadas
8. Ter o cinema, teatro, exposições de arte, literatura e muitas outras “formas de diversão” como referência para trabalhar melhor
9. Usar o design estratégico para guiar um projeto, unindo intuição e algoritmos, alcançando resultados diferentes dos convencionais
10. Tornar tudo mais bonito, usável e agradável, dentro das especificações necessárias para cada um desses projetos
11. Fazer com que um livro seja mais agradável de segurar, carregar e principalmente de ler
12. Criar a identidade pra uma revista que atraia a atenção e desperte vontade nas pessoas em ler e, decerto, ganhar mais conhecimento

Feliz Dia do Design! :D